TEXTO PUBLICADO EM 04 DE SETEMBRO DE 2009 NO JORNAL "O PRIMEIRO DE JANEIRO", PÁGINA N. 2.
Segundo as Previsões da Primavera da Comissão Europeia, o défice público em Portugal pode voltar a atingir a casa dos 6% tal como teria acontecido em 2004 e 2005, durante os consulados financeiros de Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, caso não tivesse havido recursos a receitas extraordinárias de duvidoso interesse económico no primeiro caso e uma correcção determinada do novo governo do PS no segundo.
Ferreira Leite e Bagão Félix vieram rapidamente procurar usar estas previsões para branquear o seu mau desempenho ao leme das finanças portuguesas. Não têm razão. Não são estas previsões que retiram àqueles dois políticos o triste epíteto de donos do défice!
De facto os défices de 2004 e projectados para 2005 não são comparáveis aos défices agora previstos para 2009 e 2010. Três razões fundamentais explicitam a diferença.
Em primeiro lugar em 2004 e 2005 a generalidade dos países europeus estava a cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento com folga (alguns países como Espanha tinham mesmo superavit) e agora prevê-se que a quase totalidade tenham défices excessivos. Com Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix éramos incumpridores isolados e agora estamos envolvidos na onda da crise generalizada.
Em segundo lugar este défice é resultado de políticas concretas e conjunturais para mitigar a crise e promover a recuperação. Não é um défice estrutural nem anula os ganhos estruturais conseguidos nesta legislatura.
Finalmente este défice incorpora a projecção dum plano ambicioso de investimentos nas escolas, nas energias renováveis, nas redes de nova geração e nas grandes infra-estruturas logísticas, melhorando o potencial competitivo do país, enquanto o défice de Manuela e Bagão não deixou nada de novo a não ser a factura para pagar e a sustentabilidade financeira para recuperar.
Os défices agora projectados para Portugal e os défices acumulados por Manuela e Bagão têm o mesmo nome e categoria económica, mas são opostos na sua formação e justificação. Com Manuela e Bagão as contas públicas derraparam.
Agora elas estão a sofrer o impacto duma crise global e a procurar ser parte da solução para ela.
Mário de Sousa - BONFIM, PORTO
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