quinta-feira, 23 de abril de 2009

Silêncio e inércia!

Publicado em 22 de Abril de 2009 no Jornal "O Primeiro de Janeiro", Página n.º 2.

O PSD e o CDS-PP têm vindo a público adjectivar de “eleitoralistas” muitas das propostas apresentadas e implementadas pelo nosso Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, no âmbito da resposta à crise económico-financeira internacional. Dizem eles (PSD/CDS-PP) que tais propostas, anunciadas em ano de vários actos eleitorais, têm objectivos que visam apenas ganhar votos e não tanto resolver os problemas das pessoas. Mas, pensemos um pouco no alcance destas acusações! Poderia o nosso Primeiro-Ministro e o restante Governo de Portugal, face à crise económico-financeira internacional que se vive hoje, anunciar ao país que não pode fazer nada pelas famílias e pelas empresas só porque estamos em ano de eleições? Seria desejável pedir às famílias e às empresas que esperem por Setembro para que o próximo Governo possa tomar medidas em seu favor e em seu socorro? Tem o país condições para perder todos estes meses que antecedem as eleições legislativas? Deveria o Governo ficar quieto?
Parece-me perfeitamente natural que um Governo eleito democraticamente tenha como função a tarefa de governar. Na verdade, quando os portugueses foram a votos em Fevereiro de 2005, fizeram-no na certeza de que estavam a escolher um Primeiro-Ministro de um Governo que asseguraria a condução dos destinos do país ao longo de uma legislatura.
Por outro lado, parece-me igualmente evidente que o Governo, ao longo da sua acção, tenha a necessidade e até o dever de justificar as suas decisões e de comunicar as suas opções. A população tem, aliás, o direito a essa informação em nome da transparência que se espera em todo o processo governativo.
Embora estes dois aspectos me pareçam naturais e absolutamente evidentes, não o são para algumas pessoas.
Já a deputada do Bloco de Esquerda, Ana Drago, no seguimento do debate quinzenal de na Assembleia da República com o Primeiro-Ministro, vem sustentar que “na rede social Twitter, o Plano Tecnológico produz comentários e afirmações que se limitam a fazer a defesa das propostas apresentadas pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates”. Mais: Ana Drago, ignorando o facto do Gabinete do Plano Tecnológico ser um gabinete governamental, vem pedir explicações para aquilo que considerou uma “violação do princípio da independência entre o Estado e a Administração Pública”. Mas que democracia é esta defendida pelo Bloco de Esquerda? Nos debates no Twitter ou nos blogues, o Governo não pode participar para sustentar, explicar e defender as suas próprias propostas? Para esta esquerda, o Governo deve reduzir-se a assistir ao que alguns vão dizendo através dos meios tecnológicos hoje disponíveis! Deveria o Governo ficar calado?
Ora, estes dois episódios caracterizam bem a nossa oposição. Para a oposição, o Governo deveria calar a boca e baixar os braços perante os problemas vividos em Portugal e no mundo. Para esta oposição, o Governo deveria assistir “mudo e quieto” à falência de empresas, à dificuldade das famílias em enfrentar estes tempos difíceis. Mas percebe-se bem este desejo da oposição em manter o Governo calado e parado. Ou não serão estes dois aspectos, silêncio e inércia, que melhor caracterizam esta oposição?
Faz falta a esta oposição a verdade, a responsabilidade, empenho e eficácia. Tudo isto que são, para o nosso Primeiro-Ministro e para o Governo de Portugal, algumas das principais
características da coerência governativa, defendendo, por isso, “que é preciso não perder o rumo do trajecto de modernização do país”, e “nunca baixar a ambição no combate às desigualdades”.
Mário de Sousa - Bonfim, Porto

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