quinta-feira, 13 de agosto de 2009

CRÓNICAS PORTUENSES



Morada portuense: com história centenária e sete séculos de solidariedade

A antiga morada de sede da Irmandade do Ofício de Sapateiros e Trabalhadores de Couro, fundada no século XIII, na cidade do Porto, situava-se no extinto Largo de S. Crispim, no princípio das ruas de S. Ana e da Biquinha, junto do actual Largo de S. Domingos, tendo sido aí construído o Hospital dos Palmeiros pelos Beneméritos da Irmandade, Martim Barreiros e sua esposa Joana Martins que fizeram doação dos seus bens à Irmandade, como consta de um pergaminho datado do ano de 1345 e que felizmente, ainda hoje se conserva nos arquivos desta Irmandade.
Muito mais tarde, para a abertura da Rua Mouzinho da Silveira, em 1875, o Hospital dos Palmeiros foi demolido, tendo a Câmara Municipal do Porto pago à Irmandade a quantia de 19.800 reis e um terreno, no Lugar da Póvoa de Cima, agora denominado por Praça da Rainha Dona Amélia (entre as ruas de Santo Isidro e Latino Coelho), situando-se na actual Rua de Santos Pousada, na freguesia do Bonfim, na cidade do Porto, para aí ser reconstruída a Igreja e construído o edifício sede da actual Irmandade de S. Crispim e S. Crispiniano.
Esta igreja em honra dos dois irmãos (S. Crispim e S. Crispiniano) foi benzida no ano de 1878. É uma igreja muito bonita e muito simples, de nave única, com modestos mas bem proporcionados altares em estilo neoclássico e sem enxertos posteriores.
Tem quatro imagens e um Cristo de apreciável valor, bem como alguns quadros e duas tábuas de missas e de indulgências que eram da antiga igreja. O edifício contíguo à Igreja é dotado de uma ampla sacristia e sala de sessões da mesa administrativa da Irmandade no rés-do-chão, residência do Reitor, Heitor Vieira Pinto, e acesso ao Coro no primeiro andar.
Foi construído, recentemente, um auditório com 150 lugares, com salas de apoio e acesso para o exterior para uma rua lateral. Valores Culturais: é sobretudo de grande valor o arquivo documental da Irmandade, com praticamente todos os livros desde o século XVII, livros de tombo, registo de propriedades, doações, contas, fotos, etc..
Muito importantes são, sobretudo, alguns pergaminhos do século XVI e o “compromisso da Irmandade do Ofício de Sapateiro”, com 24 folhas de pergaminho e iluminuras, datado de 20 de
Setembro de 1592, que é considerado como o primeiro estatuto duma instituição corporativa na cidade do Porto. Festas: a dos padroeiros de S. Crispim e de S. Crispiniano, no domingo mais próximo do dia 25 de Outubro.
A actual igreja bem como toda a Irmandade de S. Crispim e S. Crispiniano está afecto à comunidade pastoral da paróquia canónica da Senhora da Conceição, situada na Praça Marquês do Pombal, na cidade do Porto.
O meu muito bem-haja ao Sr. Reitor Heitor Vieira Pinto pela sua amável disponíbilidade do seu tempo, pelo facto de me dar a honra de eu poder visitar as já referidas instalações e em seder-me bastante documentação que me ajudou a fezer esta crónica portuense.
Sr. Reitor Heitor Vieira Pinto mais uma vez quero agradecer-lhe o muito que tem feito por toda a zona habitacional.
Mário de Sousa - BONFIM, PORTO

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