Restauração da Independência de Portugal
Foi a 1 de Dezembro de 1640 que os portugueses, num golpe de grande coragem e determinação, puseram fim ao domínio castelhano. Desde a primeira dinastia que o tema da integração peninsular era uma das preocupações das Cortes. Já no reinado de D. Dinis, que mandou plantar o pinhal de Leiria pensando nas “naus a haver”, ficou bem esboçada uma das coordenadas da política ultramarina: a saída para o mar, em busca de novas terras, para com isso fortalecer o Reino de Portugal e enfrentar as possíveis ameaças de Madrid.
O Infante D. Henrique e a Escola de Sagres dão corpo a essa política, não sem que antes, nos campos de Aljubarrota, os exércitos de Nuno Álvares Pereira tivessem destroçado as pretensões castelhanas ao trono português. Com os Descobrimentos e as Conquistas, o país começa a viver o seu período de ouro. Ao darem-se conta do sucesso dos portugueses na sua aventura marítima, os espanhóis vão atrás da busca também do “novo mundo”.
A história regista várias tentativas e movimentos posteriores voltados para a integração ibérica. Ou vinha ela por força de casamentos reais, ou seria consequência das crises que atingiam a desconfiança.
Se o receio permanente do que poderia vir de Leste foi uma constante da política externa portuguesa e que permeou o anti-castelhanismo que por vezes ainda aflora em vários segmentos da sociedade portuguesa, o certo é que nos últimos anos novas realidades políticas e económicas desfizeram mitos e preconceitos. Claro que estavam superadas há muito as correntes iberistas dos finais do século XIX, quando em Madrid, com ressonância em alguns meios intelectuais de Lisboa, se defendia abertamente a volta à “Madre Hispânia” e a redução de Portugal a uma província de Espanha. Também já era anacrónico o Pacto Ibérico firmado no tempo de Salazar e de Franco. Entretanto com a entrada dos dois países para o Mercado Comum Europeu, em 1986, e com as mudanças decorrentes do advento da democracia, caíram as fronteiras territoriais e as mentalidades jacobinas começaram a dar uma volta. Portugal, a essa altura, já não tinha para se defender, como outrora, a saída atlântica. O que restava do Império desaparecera com a descolonização. Mas em contrapartida o quadro europeu mudara substancialmente e a adesão ao Tratado de Roma dissolvia os arroubos dos nacionalismos e as rivalidades entre as nações. Aproveitando os fundos estruturais da Europa e possuindo potencialidades muito extensas, sem ter sofrido traumas de uma revolução e o ónus da descolonização, os espanhóis, em poucos anos, conseguiram distanciar-se, em termos de desenvolvimento e de renda, dos portugueses. As duas economias hoje não têm comparação possível. De um lado, houve um crescimento maior, os indicadores são muito saudáveis, os governos primaram pelo aproveitamento dos fundos estruturais de Bruxelas; do outro, depois das derrapagens dos governos do PSD/CDS-PP (ditos de social e democratas), tivemos um país mergulhado no desânimo, com a renda mais baixa da União Europeia, com taxas de crescimento reduzidas e com sérios problemas de desequilíbrio orçamental que o governo de hoje (José Sócrates) tem que consertar, resolvendo os problemas que esses governos do PSD/CDS-PP criaram para o país.
Quem hoje percorre o nosso país de norte a sul vê como é forte a presença de Espanha, desde os imóveis da Avenida da Liberdade em Lisboa, adquiridos por bancos e hotéis espanhóis, às herdades alentejanas; das industrias do turismo; das gôndolas nos supermercados, às vitrinas das modas nas lojas de Cascais.
É preciso, urgentemente, mudar o sistema contributivo para as grandes empresas que estão presentemente no país e que mais altos lucros tiram.
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