quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Faz hoje, 16 de dezembro de 2015, 42 anos que o Jogador do F.C. do Porto, Fernando Pascoal Neves (Pavão) faleceu.

F.C. PORTO: O EMBLEMA DE UM ÍDOLO! 
Era uma vez um jovem sócio portista, jovem esse com 8 anos de idade. Estávamos em 16 de Dezembro de 1973 e ele gostava de ver jogar futebol. Pois nesse Domingo, e como era habitual, lá foi ele para as Antas ver o jogo. O Porto defrontava o Setúbal e o jovem sócio portista foi sentar-se numa maca, em pleno campo, ao lado de seu pai, voluntário da Cruz Vermelha Portuguesa. Nessa jornada 13 e passados 13 minutos desde o início do jogo, algo no campo aconteceu. Um jogador tombara redondo. Quem é? Perguntava ele ao pai. E o pai não respondeu, pedindo-lhe para sair da maca, porque ele precisava dela. O pai entrou a correr no campo, enquanto o miúdo olhava e olhava para ver quem caíra. Para seu espanto, reparou que era o Pavão, o seu ídolo, de seu nome Fernando Pascoal Neves, jogador de classe ímpar para quem gostava (e gosta) de ver futebol. Perguntou a outro maqueiro da Cruz Vermelha Portuguesa onde iria o seu pai. “vai ao hospital”. Ficou preocupado, não pelo seu pai, que estava de boa saúde, mas com o seu ídolo, o Pavão (Fernando Pascoal Neves). E o jovem sócio portista continuou a ver o jogo, até que, por fim, reparou que o seu pai acabara de chegar do hospital. A correr, foi ao seu encontro e perguntou como estava o Pavão. O pai não respondeu logo, deixando primeiro cair umas lágrimas pelo rosto antes de pronunciar a palavra fatal – “morreu”. Deixou as lágrimas correr e naquele momento não disse mais nada. Como acabara o serviço do seu pai nas Antas, regressou a casa e pelo caminho foi reparando que havia muita gente passando ao seu lado, de rádio na mão, a chorar. Mais tarde, soube que o seu pai, ao regressar às Antas, depois daquele instante fatídico, comunicara a morte do Pavão aos outros camaradas e Amigos da Cruz Vermelha Portuguesa e ao Presidente do Futebol Clube do Porto, Dr. Américo Sá. A triste nova correu depressa e as pessoas dentro e fora do estádio não paravam de chorar. Horas depois, o seu pai disse-lhe para quando estava marcado o funeral do seu ídolo Pavão. E ele lá foi ao funeral, impressionante, despedir-se do seu ídolo, que iria inaugurar o jazigo do F.C. do Porto no cemitério de Agremonte. Passados uns dias, o jovem sócio portista soube que um camarada e Amigo de seu pai na Cruz Vermelha Portuguesa, de seu nome Joaquim Pereira Lopes, e 1º Sargento-condutor, tinha sido ele o condutor do serviço prestado ao Pavão, e do qual o seu pai também tinha feito parte, e que a senhora do Pavão lhe teria dado todo o equipamento que o jogador vestia naquela tarde de luto para assim lhe agradecer (ao Lopinhos) todo o esforço feito. E o jovem sócio portista pediu ao pai que o levasse ao Campo da Constituição, onde trabalhava o Lopinhos, para lhe pedir a camisola do seu ídolo Pavão. E assim foi. O seu pai, durante muitos sábados, deslocou-se com ele ao Campo da Constituição. Ofereceram-lhe os calções mas ele não quis. Ofereceram-lhe as chuteiras mas ele também não quis, pois só queria a camisola. Camisola com o nº 6 nas costas daquele que fora, no mundo do futebol, o seu ídolo. Passados muitos meses (mais de oito meses), e sabendo o Lopinhos que ele passara de classe, perguntou-lhe: “Queres o emblema do F.C. do Porto que está na camisola do Pavão?” E o jovem sócio portista, a sinal de seu pai, disse que sim, pois sabia que nunca mais a camisola lhe seria oferecida. Emblema esse que sua mãe, na época, lhe coseu na camisola branca, que acabaria por usar quando fazia ginástica na escola primária (Escola Normal). Quando passou da primária para o ensino preparatório, a sua mãe ofereceu-lhe outra camisola, trocando o emblema do F.C. do Porto e do Pavão da camisola antiga para a nova. Passados muitos anos, a camisola foi para o lixo. O emblema, ele guardou-o. Ficou com ele durante mais de 20 anos, tendo-o doado, há uns anos, ao Futebol Clube do Porto. Agora, já está cosido na camisola do Pavão e pode ser visto com o restante equipamento do seu ídolo naquele museu dos Grandes Dragões, como era o caso. A fechar esta memória, é bom saber que Pavão foi o único jogador do F.C. do Porto que morreu suando a camisola! E faz hoje, dia 16 de Dezembro de 2015, 42 anos que tal facto sucedeu. Naquele museu do F.C. do Porto estão grandes taças e troféus, como, por exemplo, as réplicas das taças dos campeões europeus, a super taça europeia, a taça intercontinental, a taça UEFA, e etc. mas para mim aquele é o “Troféu” mais querido. Paz à sua alma na passagem do 42º aniversário da sua morte.

Nota: Esta não é uma história ficcionada, mas sim uma história verdadeira contada pelo próprio jovem portista (agora com 50 anos de idade), e passados que estão 42 anos desde que todos os factos aqui relatados ocorreram.
Mário de Sousa - Porto.